Blog

Kata

10/07/2011 10:12

            Para conservar alguns conjuntos técnicos, uma boa parte das Artes Marciais converte suas técnicas fundamentais em sequencias de movimentos de ataque e defesa chamados de Kata ( ou , “forma”). Essencialmente o Kata guarda o conjunto técnico e permite que os movimentos sejam aprimorados e transmitidos de geração para geração, sendo utilizado também como recurso didático. Hoje em dia, muitos dos Kata em diversas Artes Marciais de desporto se transformaram em quesito de competição e demonstração.  

             Dentro de um Kata tais sequencias podem significar um combate imaginário simulado contra um ou vários adversários, e geralmente o Kata é baseado em técnicas selecionadas conforme sua efetividade em combates reais, seguindo o modelo do movimento do mestre.

Um Kata pode ser realizado individualmente ou em grupo, dependendo do tipo de treinamento, fato é que o Kata deve sempre ser executado como se houvesse a presença de um adversário a sua frente, isso inclui não só a mera movimentação, mas também a intenção e a energia que seria utilizado em um combate real.

Para quem acaba de ingressar numa Arte Marcial, o Kata não passa de uma mera sequencia de ataques e defesas, no entanto, com o passar do tempo o praticante descobre que a cada movimento existe uma série de detalhes que devem ser observados e que ajudam a corrigir os erros de postura. Além disso, que o Kata aprimora o estado meditativo, psicológico e respiratório.

A prática do Kata passa por várias etapas, como se fossem camadas que substituem uma a outra de acordo com o amadurecimento do artista marcial.

O monge zen-budista Taisen Deshimaru afirma que existem três níveis de execução de um Kata, ou três estados de espírito (Adaptado de George Guimarães – A Magia da Espada Japonesa.):

1.     Primeiro estado: Shojin – desenvolve-se a força de vontade e a memorização da sequencia de movimentos. Os movimentos realizados pelo mestre são apenas repetidos mecanicamente. Inicialmente devem ser feitos de forma suave e lenta e depois de forma enérgica e com crescente rapidez, até a exaustão do praticante atingindo o estado mental de taquipsiquia.

2.     Segundo estado: Shiho – os movimentos deixam de ser mecânicos e meras repetições para serem feitos em diferentes ritmos: lento e rápido, energeticamente ou suavemente para buscar a sintonia com os movimentos do oponente e consigo mesmo. Nesse estágio se desenvolve a noção de distância (maai), refinando o tamanho das passadas e das bases a fim que uma defesa possa ser feita a distância que produza um efetivo contra ataque. Nesse estágio também se busca a harmonia com o oponente, conectando-se a ele para aproveitar sua energia (deai).

3.     Terceiro estado: contem um esvaziamento da mente e a eliminação do sentimento adversário. Há uma intenção no Kata, mas que não se finda nela mesma a movimentação apresenta o ritmo exato e contínuo, sem alterações bruscas de energia, é um estado harmônico, cujo o objetivo passa a ser abater as ilusões indesejadas, quer seja um adversário ou um sentimento interno, é literalmente a luta contra o invisível. 

 

O que é ser graduado?

29/06/2011 13:09


            Acho que em todas as Artes Marciais chega um momento em que alguém diz que você é graduado. 

            Certa vez, após um exame, faz quase uns 10 anos, perguntaram para mim o que seria receber o título de “graduado”.

A princípio imaginei qual seria a resposta correta, depois, qual seria a resposta politicamente correta, e, enfim, qual seria minha resposta. A princípio também, não achei que a pergunta fosse importante... E, na verdade, passei um bom tempo pensando na resposta... e se minha resposta seria sincera.

Levei alguns dias para lembrar de várias passagens em que ouvi pelos cantos ou por meio de sermões o que representava um graduado dentro de um Dojo e, lembrei também que gostava desse discurso, uma vez que corroborava com o que sempre ouvi sobre o que seria um espírito marcial...  

Por mais óbvio e utópico que fosse, consegui listar algumas características, mas não fui muito além do corriqueiro, um graduado deveria: ser responsável e compromissado, disciplinado, paciente, estrategista, sensato, compenetrado, respeitador, observador, educado, solidário e exigente, proativo e espelhar o mestre, refletindo apenas suas qualidades para aqueles que estão trilhando o mesmo caminho... Engraçado, lendo agora, isso parece com qualidades de certo alguém que morreu na cruz... Bom, mas não listei “só” essas qualidades, listei ainda outras (por incrível que pareça ainda tinha mais), contudo, no meio desta lista toda, percebi três pontos interessantes, embora não sejam o real foco de toda esta tempestade mental:

            Primeiro: todas as coisas bregas em que pensei, seriam bonitas, se atualmente, não fosse bonito ser feio ou fazer o mal feito. Hoje em dia, ser simplesmente educado é sinônimo de ser idiota. Realmente não sei quando ou como aconteceu essa inversão...

            Segundo: para ser graduado, bastaria ser um bom representante da espécie humana, provido de cérebro e coração.

            Terceiro: é uma pena que agir como um humano seja um ideal, pois é tão ingênuo que pode chegar aos pés da estupidez.

            Mas, enfim, a pergunta era “o que é ser graduado?”

            Sabe, na época eu qualifiquei graduação baseada no que não era ser um graduado, ou, pelo menos, o que eu achava que não era... Eu imaginava que um graduado não usaria sua graduação para humilhar os demais, um graduado não ficaria olhando o relógio durante o treino porque não quer treinar com você, um graduado não faria técnicas de qualquer forma, um graduado não subestimaria seu colega, um graduado respeitaria qualquer graduação independente de ser maior ou menor que a sua, um graduado não se vangloriaria de machucar o colega, um graduado não faria gentilezas ao Dojo esperando algo em troca, um graduado não treinaria somente próximo do exame, um graduado não teria vergonha de dizer que pratica um budo, um graduado não estaria disponível só quando desejasse, um graduado não apenas falaria, mas faria o que tem que ser feito... eu sabia que estas atitudes não são de graduados, posso garantir, porque estas são algumas das atitudes que eu via e me constrangia, e eram as quais me policiaria para não ter.  

            Uma vez me disseram que eu podia ser aluno ou discípulo. Ambos têm capacidade de aprender qualquer coisa, há qualquer momento; a diferença será que o aluno aprenderá e guardará o ensinamento apenas para os dias de treino; já o discípulo, não só aprenderá, como saberá viver o que aprendeu dentro e fora do Dojo. É uma questão de objetivo, de escolha. É também uma questão de amadurecimento e de possibilidade de ouvir e entender. É bem possível que por isto existam graduados e “graduados” em qualquer lugar que seja... Aqueles que são discípulos e aqueles que são alunos, por “n” motivos pessoais ou sociais.         

            No mais, ser graduado também parecia algo não só de oferecer sua lealdade e apoio, mas também parece ser esperar que algo de novo e bom aconteça, que algo de misterioso seja revelado e que este mistério seja um trampolim para uma outra vivência, ainda que já se saiba de muito tempo que só você pode fazer seu próprio mestre, definindo quando e porque avançar.

            Hoje em dia continuo sendo graduada e penso mais ou menos tudo isso, bem como continuo tentando responder direito essa pergunta. Atualmente, ao invés de listar qualidades, diria que ser graduado é entender que o fato trilhar um Budo exige comprometimento não só para com o Dojo, o Estilo, com o Caminho, com o Mestre, com os demais alunos, mas principalmente dedicação para consigo mesmo. Pois não é possível demonstrar entendimento para os outros ou refletir bons exemplos para terceiros, se você mesmo não compreendeu o que está fazendo ali. Quais são seus objetivos? Por que escolheu treinar uma Arte Marcial? Como você treina no dia a dia? O que você tem levado para sua vida? São essas respostas que constroem o que você vai ser como um graduado, mais que isso, como pessoa. Coisas que você vai descobrindo aos poucos, com o passar do tempo e, sem querer, você apresenta um perfil de graduado e vai ser julgado pelos demais, sem dúvidas. Entretanto, o pior julgamento é o seu próprio, pois é a partir dele que você irá galgar novos passos ou estagnar. 

Uke-Nage, irmãos de marcialidade

29/04/2011 09:35

                Durante os treinos você sempre conta com um colega para que possa executar as técnicas e ele também conta com você para o mesmo. Essa parceria se forma naturalmente, mesmo que sejam pessoas desconhecidas, cada uma delas se doa um pouco para que o treinamento possa evoluir e todos possam praticar.

                Essa relação de quem executa a técnica e quem recebe a técnica é chamada de uke-nage. E é por meio do treino em dupla que é possível perceber as diferenças e sutilezas da aplicabilidade técnica em diferentes pessoas, porém mais que isso, firma uma relação de coleguismo e de auxílio mútuo.

                Para que haja treino dois a dois é preciso que tanto uke quanto nage tenham em mente a preservação de seu colega, pois ao machucá-lo, por mais que se acredite que está sendo “eficiente”, no final das contas estará se auto-sabotando, uma vez que o colega machucado fica impossibilitado de continuar o treino. Isso diminui o número de praticantes dentro do tatame e reduz a possibilidades de prática.

Saber treinar corretamente, sem machucar seu próximo e sem se machucar é essencial para que a prática tenha uma continuidade e que desenvolva a sensibilidade técnica do “limite” de cada um. O bom praticante, executando um bom treino, sabe o quanto de força e  velocidade utilizar com cada uke e, assim, demonstra e executa sua consciência técnica.  

Num Dojo pequeno, as relações uke-nage tornam-se muito mais do que parceria para treino. A convivência periódica por meses, anos e até mesmo décadas forma um grupo que se reconhece como amigos e mesmo como uma família.

Muitas colegas de treino vem e vão,  essas idas e vindas, num Dojo, algumas vezes abate quem fica, pois esse perde seu companheiro de treino, mais que isso, perde a presença de um amigo. Contudo, aqueles que ficam reforçam os laços e tratam-se como irmãos marciais.

Além da relação uke-nage, a relação entre mestre e discípulo também se estabelece durante o passar do tempo e a contínua convivência. É por isso que para os orientais, essa relação é praticamente reconhecida como de pai-filho, pois trata-se de uma parceria por anos, diferente de uma escola, em que o professor tem contato com seu aluno, no máximo por um ano.

Essas interações todas e relações semelhantes a família não surgem logo no início de um caminho marcial, por mais que muitas escolas preguem isso.  Dessa forma, só sabe reconhecer o sentimento familiar quem se mantem numa escola por um certo tempo e esse mesmo percebe que as relações se transformam e se estabelecem de forma natural e lenta, dando forma a união e ao sentimento de respeito às qualidades e falhas de cada um. É por isso os alunos mais antigos começam a ser tratados como discípulos e os yudansha se tornam o núcleo duro da família, aqueles que manterão entre si suas parcerias e que estimularão entre os novos a permanência na Arte Marcial. 

Treine

01/04/2011 17:37

                Treino é a rotina de todos que abraçam uma modalidade, seja ela da natureza que for: esportiva, marcial, musical, matemática ou outros. O treino aperfeiçoa, pois exige repetição, exige concentração, conscientização e, mais, gera experiência. 

                Falando de Artes Marciais, todo iniciante sente as primeiras dificuldades dos meses de adaptação. Afinal, é algo novo, algo que vai exigir mudanças de postura, de atitude, de mentalidade e, por vezes, até de valores. Apesar de ser o período mais sofrível, é na sequencia desse período que o praticante cresce exponencialmente e é possível observar suas várias mudanças por causa do treino. O bom e o perigoso do iniciante é sua vontade de aprender o quanto antes, tudo, mesmo que não seja maduro para isso. O neófito é sempre cheio de ansiedade de incorporar as técnicas, de compreender os movimentos e realizá-los como se já fizesse isso por anos a fio, querendo aproximar-se ao máximo do conhecimento dos mais antigos. A vontade de aprender é tanta que é normal que se treine com o objetivo de realizar exame de graduação ou para entrar em campeonatos... ou seja, para galgar novas experiências e caminhos.

                Com o passar do tempo e das adaptações necessárias e possíveis, o crescimento do praticante tende a estabilizar na rotina de treino e seu crescimento só é notório para si próprio e para quem o acompanha no dia a dia, pois é um crescimento sutil e esporádico. Passa a não depender só dos novos ensinamentos transmitidos, mas também da sua constante prática e refinamento do conteúdo já visto. Nesse momento, o praticante tende a se tornar entediado, pois ele mesmo não enxerga seu desenvolvimento, sente-se estagnado e envolvido pela rotina. A vontade de aprender técnicas novas continua, é bem verdade, mas agora com o intuito de fugir do que já conhece e do que acredita já ter aprendido.

Por falar nisso, quem acha que já aprendeu, deixa de aprender e, mais grave, deixa de estudar e treinar. Aprendizado é cíclico e contínuo. Cíclico pois estamos constantemente reformulando nossa maneira de ver o mundo e revisitando conceitos e preceitos antigos. Contínuo porque há tanto o que aprender sobre um único fenômeno que o conteúdo não se esgota, em especial, para atividades que são dinâmicas e regidas pela famosa Teoria do Caos, onde não é possível prever todas as variáveis e muito menos controlá-las.

Voltando ao treino propriamente dito, refinamento técnico, ou seja, aperfeiçoamento surge apenas com treino constante e, como já afirmado, só aparecerá sutilmente no praticante. Talvez seja por isso que ouvimos muitas histórias de professores que estão há 30 anos numa Arte Marcial e, toda vez que iniciam o treino, fazem o básico, o fundamental. Muitas vezes estão lado a lado com seu faixa branca, executando os mesmos movimentos. É exatamente nesse instante que nota-se claramente a profunda diferença dos 30 anos de experiência e do refinamento que só o professor que treina pode mostrar na sua postura e na sua atitude, ao lado de seu faixa branca que demonstra, nos mesmos movimentos, insegurança e sua ingenuidade técnica. Após tanto tempo de treino, não se treina mais por objetivos de curto e médio prazo, mas para um verdadeiro caminho de crescimento, não só técnico, como pessoal.

Meu professor dizia que todo treino é um elo que irá compor a corrente (técnica), a cada treino que faltávamos, existiria um elo fraco, quanto mais faltássemos, mais a corrente seria fraca, ou seja, menos a técnica fluiria ou funcionaria em variados oponentes. Quanto mais estivéssemos constantes e presentes, mais a corrente se tornaria forte. Era a forma dele dizer que treinar de vez em quando não serve para nada. Hoje em dia é a forma que eu digo para que treinem para vida. E que afirmo que a cada graduação deve-se treinar mais, pois é mais responsável pelo conhecimento que adquire e também mais responsável por transmitir esse conhecimento de forma correta.

Uma outra vertente do treino é o que o instrutor costuma a fazer: aprender enquanto ensina. Esse tipo de treino é de igual valor, gera um amadurecimento técnico importante, mas não substitui o seu próprio treino físico. Quem treina constantemente torna-se sempre atualizado, podendo gerar melhores condições de aprendizado para os demais e para si mesmo. A falta de treino próprio, independente do nível de conhecimento e experiência, molda técnicas rústicas e falsas impressões no praticante,  pois forjar o espírito é rápido, polí-lo é que demora. 

De coração para coração: qualidades do bom praticante e do bom professor

13/02/2011 08:06

 心 の 心

KOKORO NO KOKORO

 Só aquele que verdadeiramente compreendeu a essência pode ensinar para aquele que, de coração, deseja aprender

 

1.   Ame, pratique porque gosta.

2.   Seja humilde, gentil e saiba ouvir.

3.   Tenha paciência e contemple o silêncio.

4.   Seja inteligente e use de perspicácia.

5.   Permita a versatilidade e observe a intenção.

6.   Seja adaptável, mas faça escolhas.

7.   Seja confiável e demonstre decisão.

8.   assinatura sensei mogami.jpgInsufle união e lealdade entre os seus.

9.   Quando aprendendo, treine.

10.          Quando treinando, ensine.

Força Psicológica

16/01/2011 16:48

Durante a vida é mais do que normal enfrentarmos dificuldades, obstáculos e termos momentos de sofrimento, uma das boas coisas que as Artes Marciais, de forma geral, traz para o praticante é o condicionamento psicológico.

Um exemplo claro da importância da resistência psicológica é encontrada nos sobreviventes de desastres, guerras ou acidentes, aqueles que são colocados em situações limites declaram que nunca perderam a esperança de sobreviver e é o fator que essencialmente os mantiveram vivos e dispostos a confrontar a situação.

Mais do que a resistência física, a resistência psicológica faz com que, mesmo aqueles com pequena estatura ou força, supere seus limites e também os limites dos outros.

Durante os treinos é comum ver homens bem condicionados desistirem de um exercício por estafa física, enquanto que outros, com o físico não tão trabalhado, conseguem superar a exaustão unicamente por acreditarem que podem fazer ou resistir até o final do treino.

Além disso, a cada vez que superamos algo, adquirimos a força daquela superação e estamos pronto para atingir um limite superior. E o mais relevante é quando isso extrapola a prática marcial e passa a ser incorporado na vida do praticante, deixando-o mais disposto a resolver seus problemas e não esmorecer diante das dificuldades, ou seja, treinar para a vida e não para o tatame.

 

"A força não vem da capacidade física, ela vem de uma vontade inabalável."

(Mahatma Gandhi)

Essência

08/01/2011 13:12

O que é uma técnica? 

Na maioria das vezes acreditamos que uma técnica marcial é um conjunto de movimentos que foram descobertos, aplicados, estudados e mantidos num estilo graças a sua eficiência num combate e, se não fosse assim, não seria uma técnica marcial. Mas, a técnica em si é unicamente uma série de movimentos? O que mais envolve esses movimentos para que sejam eficientes no momento certo? O que envolve dominar uma técnica?

Uma vez ouvi de um colega de Dojo que ele ficava triste por existir tão "poucas" técnicas a serem aprendidas dentro da modalidade que treinávamos, na época concordei com ele. A ansiedade de aprender tudo, ao máximo e em pouco tempo impede de ver algumas coisas...

Bom, ao contabilizarmos chegamos ao resultado de cerca de 20, mas naquele dia não víamos o que estava a frente e nem sequer conseguíamos vislumbrar as variações daquelas meras 20 técnicas. Não só variações de situação para aplicação, como também as variações que as técnicas avançariam em relação ao tipo de adversário, ao momento de execução, a versatilidade e complexidade de combinações que poderiam ser feitas, mais que isso, não enxergávamos o refinamento técnico. 

Isso se tornou claro um tempo adiante quando ao confrontar um oponente do mesmo tamanho, a técnica não se fez eficiente como se fazia quando confrontava-se adversários menores tanto em termos técnicos quanto em termos físicos. Isso saltou aos olhos porque provou duas coisas: 

Primeiro que nossa técnica era grosseira, ou seja, apenas uma série de movimentos decorados para efetivar dor, imobilizar ou projetar alguém. 

Segundo que se a técnica não for refinada, estudada, detalhada e incorporada, não funcionará efetivamente com nenhum adversário que tenha força igual ou superior a sua. 

Assim, a visão de força e velocidade são fatores que irão preponderar onde não houver técnica. Esses dois quesitos são fáceis de serem adquiridos com uma boa série de treino físico e estratégico. Porém, técnica - executar uma técnica com qualquer adversário, independente do seu tamanho, força e experiência - é algo que só ao longo de tempo de treino e compreensão da essência da técnica irá surgir. 

A visão de técnica como movimentação não é errada, mas acabou parecendo apenas primária, apenas a superfície de um gigante iceberg submerso.

A essência da técnica é mais que repetição de movimentos decorados e encaixados em certas situações. Alguns dizem que a essência de uma técnica inclui estudo teórico, filosófico, estudo de vetores físicos, compreensão de você e do seu oponente, uso de estratégia, harmonização de energias suas, do oponente e do ambiente.

É o momento em que você se torna a flecha que atinge o alvo posto no infinito, ou seja, você e a técnica são um só, ela é sua expressão e você se torna expressão dela. É o momento em que você poderia executá-la em qualquer um com total eficiência independente das variáveis.

Segundo Bruce Lee, depois de estudar o que é a técnica do soco e achar milhões de explicações, ele chegou a conclusão de que a essência de um soco é ser um soco, simples desse jeito.

Depois de tudo isso, comecei a pensar que 20 técnicas são muitas técnicas para se descobrir seus movimentos, combinações, variações e, mais que isso, suas essências.

Meu colega também chegou a essa conclusão, mas por caminhos diferentes dos meus. 

 

Uma Vida e Meia

27/12/2010 21:18

Comecei a praticar Artes Marciais desde criança e entre muitas idas e vindas em diversos tipos de Artes, hoje ensino e continuo praticando. Em algum momento da minha vida, descobri que esse era o caminho que seguiria, algo que gostava de fazer e que aconteceu naturalmente. Hoje sou consciente disso, pois depois de tantas coisas que fiz e vivi, o caminho marcial foi o que perdurou por todo esse tempo.

E em falando de tempo, caminho e vida, certo dia, durante um treino, meu professor disse:

- "Dizem que para saber uma Arte Marcial é necessário uma vida e meia."

Fiz cara de que então levaria muito mais tempo que eu imaginava. Daí ele completou:

- "Pense pelo bom lado, já tem quase meia vida que você pratica..." (ele tenta ser otimista sempre)

Depois disso fiquei pensando o quanto 10, 20, 30 anos é muito para alguns e é tão pouco perto da complexidade técnica e filosófica de algumas Artes Marciais e que realmente, quem disse, devia ter razão... uma vida não basta.

Então, nesse post de abertura, deixo aqui uma pergunta: quanto tempo é preciso?

Pra quem começou ontem, é preciso uma semana de cada vez.

Pra quem já tem um ano, é preciso um dia de cada vez.

Pra quem está há 10 anos, é preciso todos os dias, um pouco de cada vez.

Para quem pretende a vida inteira... é preciso vivenciar cada segundo, um por vez.

Mas eu acredito que o mais importante de tudo é que cada um tem seu tempo, seja ele de uma vez ou de cada vez.

 

Bem-vindos ao site e ao blog.

Aguardo críticas e sugestões.

Primeiro Blog

25/12/2010 02:19

Nosso novo Blog foi lançado hoje. Esteja atento a ele e nós tentaremos mantê-lo informado. Você pode ler as novas postagens nesse blog via RSS Feed.

<< 1 | 2